Vamos dar uma pincelada sobre o histórico de todo
esse complexo processo de reavaliação de conceitos até chegar a o que hoje
chamamos de inclusão, tendo em vista que segundo Sassaki (2006), passamos por quatro fases
básicas.
• Fase de Exclusão: período em que não havia
nenhuma preocupação ou atenção especial
com as pessoas deficientes ou com necessidades especiais. Eram rejeitadas e
ignoradas pela sociedade.
• Fase da Segregação Institucional: neste período,
as pessoas com necessidades especiais eram afastadas de suas famílias e
recebiam atendimentos em instituições
religiosas ou filantrópicas. Foi nessa fase que
surgiram as primeiras escolas especiais e centros de reabilitação.
• Fase da Integração: algumas pessoas com
necessidades especiais eram encaminhadas
às escolas regulares, classes especiais e salas de recursos, após passarem por testes de inteligência. Os alunos
eram preparados para adaptar-se à sociedade.
• Fase de Inclusão: todas as pessoas com
necessidades especiais devem ser inseridas
em classes comuns, sendo que os ambientes físicos e os procedimentos educativos é que devem ser adaptados
aos alunos, conforme suas necessidades e
especificidades.
Segundo Correia (1999), a Idade Antiga, na Grécia
é considerada um período de grande
exclusão social, pois crianças nascidas com
alguma deficiência eram abandonadas ou mesmo eliminadas, sem chance ou
direito ao convívio social.
Na Idade Média, pessoas com deficiência eram
também marginalizadas, até por questões
sobrenaturais, rotuladas como inválidas,
perseguidas e mortas. Assim, muitas vezes as famílias preferiam
escondê-las e assim, privá-las da vida
comunitária e social. A idéia de promover aos filhos, qualquer tipo de intervenção em ambientes diferenciados
não era uma prática comum. Conforme
Jannuzzi (2004), no Brasil por volta do século XVIII, o atendimento aos deficientes restringia-se aos
sistemas de abrigos e à distribuição de alimentos,
nas Santas Casas, salvo algumas exceções de crianças que até participavam de algumas instruções com outras
crianças ditas normais.
No século XX, a questão educacional foi se
configurando, mais pela concepção
médico-pedagógica, sendo mais centrada nas causas biológicas da deficiência. Com o avanço da psicologia,
novas teorias de aprendizagem começam a
influenciar a educação e configuram a concepção na linha psicopedagógica,
que ressalta a importância da escola e
enfatiza os métodos e as técnicas de ensino. Por volta da década de 1990 e início do século
XXI, avançam os estudos em Educação Especial no Brasil . Esse discurso favorável
à inclusão foi fortemente influenciada
por movimentos e declarações internacionais, desde o final da década de 40, com a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, tomando maior impulso a
partir dos anos 90 em favor da implantação das reformas neoliberais.
A Assembléia Geral da Organização das Nações
Unidas produziu vários documentos
internacionais, norteadores para o desenvolvimento de políticas públicas de seus países membros. O Brasil,
membro da ONU e signatário desses documentos,
reconhece seus conteúdos e os respeita na elaboração das políticas públicas nacionais. Dentre os documentos produzidos
destacamos: Declaração Universal dos Direitos Humanos; Declaração Mundial Sobre
Educação para Todos e “Plano de Ação
para Satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem”; Declaração de Salamanca; Convenção da
Guatemala e a Declaração de Montreal.
Vendo o que foi feito até hoje, vendo todas as
barreiras que já foram quebradas, todos os direitos que já foram conquistados,
observamos o quanto ainda precisa ser mudado, estudado e repensado, o quanto
ainda precisa ser feito para termos uma inclusão benéfica especialmente pelos
ditos anormais, se é que isso existe.